Obsolescência Programada – Comprar, descartar, comprar ….

Somente nos últimos vinte anos, o Homem se deu conta de que era necessário abrir a caixa de pandora existente no meio da sociedade de consumo e exibir seu conteúdo feio e perigoso. Podemos dizer que os primeiros a alertarem que a forma predatória de consumo seria mais devastadora que a capacidade do Planeta Terra repor suas reservas foram os cientistas e, claro, os Governos não lhes deram ouvidos. Afinal, o sustentáculo da economia mundial é o consumo, então é preciso que a sociedade continue sendo estimulada a comprar, depois a descartar, para atingir outro objetivo (sonho de consumo). E é dessa forma que, segundo dizem as lideranças mundiais, se mantem assegurados os empregos, benefícios e garantias sociais dos países desenvolvidos. O vídeo abaixo, serve para você que busca entender como funciona nossa sociedade de consumo, e responde algumas perguntas que, de vez em quando nos fazemos sobre porque somos compelidos a comprar como se o objeto de consumo pudesse nos tornar pessoas melhores, mais felizes e mais bem sucedidas. Sugestão de exibição nas escolas, comunidades, para as crianças de um m odo geral. As gerações futuras dependem diret amente da forma como encaramos a questão do consumo desenfreado hoje. A História do Planeta já está nos julgando por isso. Seremos absolvidos? Reserve um tempo para assistir!

A Cota de cada um

Uma nota preocupante sobre nosso consumo e o Planeta…

Fonte: http://www.unisinos.br

A reportagem é de Antonio Cianciullo e publicada pelo
jornal La Repubblica, 22-09-2008.

Imagine um contador, fazendo a “contabilidade” do que consumimos de recursos do Planeta. Imagine que a Terra é um Banco de Recursos e que nós sejamos os correntistas desse enorme (porém não inesgotável) banco.

Todos os anos, desde 1955, é feita uma espécie de “balanço” do nosso consumo na Terra. Esse balanço é chamado Earth Overshoot Day e, naquele ano, o “balanço” fechou quase dois meses mais tarde.  Neste ano, ele se encerrou em 23 de setembro e, a partir de então, já estamos consumindo com as contas “no vermelho” e, até o final deste ano vamos consumir muito mais recursos do que aqueles que a natureza pode fornecer de modo renovável.

Isso significa dizer que estamos comendo, apenas no último século,  o capital biológico acumulado em mais de três bilhões de anos de evolução da vida!  nem mesmo uma superintervenção como a do governo dos Estados Unidos para tapar os buracos dos bancos americanos bastaria para reequilibrar nossa relação com o planeta.

Dia 23 de setembro de 2008 foi o Earth Overshoot Day (dia da ultrapassagem dos limites da Terra, ndt): a hora da bancarrota ecológica.

O Earth Overshoot Day é o dia em que a renda anual à nossa disposição acaba e os seres humanos vivos continuam a sobreviver pedindo um empréstimo ao futuro, ou seja, retirando riqueza aos filhos e aos netos. A data foi calculada pelo Global Footprint Network, a associação que mensura a pegada ecológica, ou seja, o sinal que cada um de nós deixa sobre o planeta retirando aquilo de que necessita para viver e eliminando o que não lhe serve mais, os rejeitos.

O dia 23 de setembro não é uma data fixa. Por milênios o impacto da humanidade, em nível global, foi transcurável: era um número irrelevante no que se refere à ação produzida pelos eventos naturais que modelaram o planeta. Com o crescimento da população (o século vinte começou com 1,6 bilhões de seres humanos e concluiu com 6 bilhões de seres humanos) e com o crescimento do consumo (o energético aumentou 16 vezes durante o século passado) o quadro mudou em períodos que, do ponto de vista da história geológica, representam uma fração de segundo.

Em 1961 metade da Terra era suficiente para satisfazer as nossas necessidades. O primeiro ano em que a humanidade utilizou mais recursos do que os oferecidos pela biocapacidade do planeta foi 1986, mas, daquela vez o cartãozinho vermelho se ergueu no dia 31 de dezembro: o dano ainda era moderado. Em 1995 a fase do superconsumo já devorara mais de um mês de calendário: a partir de 21 de novembro a quantidade de madeira, fibras, animais e verduras devoradas ia além da capacidade dos ecossistemas de se regenerarem; a retirada começava a devorar o capital à disposição, num círculo vicioso que reduz os úteis à disposição e constringe a antecipar sempre mais o momento do débito.

Em 2005, o Earth Overshoot Day caiu no dia 2 de outubro. Neste ano já o adiantamos para o dia 23 de setembro: já consumimos quase 40 por cento a mais do que aquilo que a natureza pode oferecer sem se empobrecer. Segundo as projeções das Nações Unidas, o ano no qual – se não se tomarem providências – o vermelho vai disparar no dia primeiro de julho será 2050. Isto significa que na metade do século precisaremos de um segundo planeta à disposição. E, visto que é difícil levantar para aquela época a hipótese de uma transferência planetária, será preciso bloquear o superconsumo agindo numa dupla frente: tecnologias e estilos de vida.

O esforço inovador da indústria de ponta produziu um primeiro salto tecnológico relevante: no campo dos eletrodomésticos, da iluminação, da calefação das casas, da fabricação de algumas mercadorias o consumo se reduziu notavelmente. Mas, também os estilos de vida desempenham um papel relevante. Para nos convencermos disso basta confrontar o débito ecológico de países nos quais os níveis de bem-estar são semelhantes. Se o modelo dos Estados Unidos fosse estendido a todo o planeta, precisaríamos de 5,4 Terras. Com o estilo do Reino Unido se desce a 3,1 Terras. Com a Alemanha a 2,5. Com a Itália a 2,2.

“Temos um débito ecológico igual a menos do que a metade daquele dos States, mesmo para nossa adesão às raízes da produção tradicional e para a liderança no campo da agricultura biológica, a de menor impacto ambiental”, explica Roberto Brambilla, da rede Lilliput que, junto com a WWF, cuida da difusão dos cálculos do rastro ecológico.

É, sem dúvida, uma equação difícil (mas não impossível) de resolver. A resposta para isso talvez seja criar um novo lema individual e de responsabilidade intransferível:

“Consuma com moderação, para que os seus filhos e netos tenham o que consumir.”